Espaço de discussão e reflexão sobre a experiência do olhar e suas reverberações no corpo na construção/remontagem do espetáculo exposição "IN-REAL acontecimentos poéticos" da desCompanhia de dança.

domingo, 22 de julho de 2012

sobre processo de criação

gente, esse blog é muito bom
Aí vai um texto extraído desse blog para refletirmos um pouco sobre nosso procedimento criativo.

José Régio e a pintura – do blog CyberCultura e Democracia Online
J Francisco Saraiva de Sousa
[...] a pintura realista no "sentido de fotográfica" perdeu a sua razão de ser quando os vanguardistas descobriram que o homem «nada pode ver senão através de si», isto é, que ele «não pode exprimir senão exprimindo-se». A arte é precisamente esta expressão de si do artista e do seu mundo interior.
A partir do momento em que se libertou do ideal da pintura realista, o pintor moderno - Cézanne, por exemplo - abriu novos mundos - uns sonhados, outros nem sequer sonhados - ao mundo já-existente, atendendo menos à memória do que à imaginação - a transposição estética de João Gaspar Simões! - que desfigura, transfigura e reconfigura livremente os dados fornecidos pela primeira, de modo a descobrir novas possibilidades de existência. O repúdio pelo mecanismo fotográfico leva José Régio a substituir o conceito de imitação, consagrado pela estética de Aristóteles, pelo conceito de expressão. Ora, se a arte moderna é a expressão do mundo interior de uma individualidade artística, então a relação triangular entre o artista, a obra e o seu público altera-se substancialmente: a tendência para rever num quadro qualquer coisa já vista continua a ser mais ou menos satisfeita, desde que o artista e os espectadores tenham consciência de que é «a animação das formas, o interior das coisas, que gera o momento de arte». A arte moderna age formando uma nova sensibilidade estética: «só pela sua intimidade com o mundo exterior o essencial desse mundo» se revela ao artista e ao público da sua obra, e «só por meio do seu próprio mundo interior» podem eles atingir tal intimidade. Esta intimidade com o mundo exterior até pode ser uma ilusão do artista, na medida em que ele pode ser levado a ver nas coisas e nos seres o que lhes fornece, mas, mesmo neste caso, «nenhuma ilusão tem mais o direito a ser tratada como verdade»: «o pintor moderno escolhe de entre o incomensurável jogo de linhas, formas e cores que se lhe oferecem aos olhos, as linhas, formas e cores que lhe sejam mais simpáticas. Assim arremeda, inventa, deforma, re-cria, descobre a realidade - vendo-a conforme lhe for mais natural vê-la, concebendo-a conforme lhe for mais próprio concebê-la: Uns sobretudo com a sua inteligência, outros sobretudo com a sua sensibilidade, outros igualmente com uma e outra».
«Toda a obra de arte apresenta um duplo carácter em indissolúvel unidade: é expressão da realidade, mas ao mesmo tempo cria a realidade, uma realidade que não existe fora da obra ou antes da obra, mas precisamente apenas na obra» ( Karel Kosik)

beijos
Cintia

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