IN-REAL acontecimentos poéticos
Data: 22 de Novembro a 09 de Dezembro de 2012 (quinta a domingo às 20H)
Local: Casa Selvática
Entrada: R$ 10 e R$ 5
Cidade: Curitiba – Brasil
des, compartilho abaixo um texto do Nietzsche. Para mim, às vezes uso subtexto pessoal, oculto em camada profunda que não procuro compartilhar tal como ele é, no entanto gosto de deixar indícios sutis - afinal sutileza e elegância se dialogam entre si e são virtudes que admiro muito. Também percebo que a beleza é uma cortesia inerente ao trabalho artístico que costumo buscar. Mas quando uso esse termo, o conceito é relativo e amplo de interpretação, por isso vou explicar melhor o meu entendimento. Depois de um bate-papo com o Fernando Dourado, nosso iluminador, tenho refletido que beleza é algo que revela a Verdade - com V maiúsculo. Dessa maneira, percebo que há uma alquimia do feio para o belo. Esse encantamento acontece quando o feio revela algo sublime e ilumina o nosso olhar em relação ao mundo. Tornam-se belo - uma beleza que o tempo não consegue desgastá-lo. Acredito que a arte consegue fazer essa transmutação estética. E o interessante disso tudo, é que tanto na vida como na arte, o belo que revela o falso se torna feio e asqueroso. Acredito que o ser humano em geral não admira isso. Atrás da plasticidade das sombras projetadas no chão que tenho trabalhado na Casa Selvática, existe algo velado que é o limite da varanda, num sentido nada morbido, muito pelo contrário, quando estou nela, no limiar do “precipicio”, vejo a vida passar numa contemplação.
“Na varanda não há destino, cada pessoa abre o seu portal, é um espaço à parte do mundo. Ela fica na divisa entre o externo e o interno. Pisando nela, o tempo é a penumbra e pode ser recriado. Tudo se implode em si mesmo. Nesse lugar desviado da realidade, o mundo é o que decidimos escolher. Enxergar o que não se pode tocar. Negar o que é real. Ousar, avançar e cair no precipício. Asas do Ícaro que se derretem. Nada e tudo se fundem num devir do IN-REAL. Eu imagino o sorriso do Ícaro durante a sua queda” Yiuki Doi
“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e esta luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!” – Não se lançaria ao chão e rangerias os dentes e amaldiçarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tú es um deus, e nunca ouvi nada mais divino! Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?” pensaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação de chancela?”
Friedrich Nietzsche (1844-1900)
OBRAS INCOMPLETAS – Página 208
Seleção de textos de Gérald Lebrun
Tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho
Abril Cultura, 1983
Os Pensadores
Outro dia tomando cerveja com o Deferson Melo, ele compartilhou um aprendizado que teve com um professor de butoh: Existe uma diferença entre ocupar espaços e abrir/construir espaços. Adorei essa dica! [ ]sss
Yiuki
“… o mais importante da foto é o invisível: a emoção, o sentimento, a nostalgia, a harmonia”. Pierre Poulain
Eu já tinha compartilhado essa frase acima com vocês, mas somente com uma reflexão. Ainda não consigo entender a relação entre:
As vezes fico pensando demasiadamente. Rsss
Bjss e t daqui a pouco.
Yiuki
des, gosto desse pensamento do Bachelard. É um dos motivos que imaginar é necessário numa sociedade. Também percebo que ela pode mover o ser humano mais do que a realidade. Afinal, sinto que entre sonho e realidade, existe um elo conector que é a imaginação. Não sou bom em referência e bibliografia*, mas sei que na infancia precisamos estimular a imaginação, depois, na adolescência, essas imagens precisam ser vivênciadas por esses futuros cidadões. Bom, esse pensamento possui relação com o questionamento nosso de para que serve a nossa arte nesse mundo? Por quê a poesia nos interessa como linguagem cênica? Tem um termo japonês que eu adoro: O inútil util. Para vocês faz sentido esse termo? Para mim faz muito sentido. Bjsss. Yiuki
“Os moralistas gostam de falar-nos da invenção em moral, como se a vida moral fosse obra da inteligência! Que nos falem antes do poder primitivo: a imaginação moral. É a imaginação que deve fornecer a linda das belas imagens ao longo da qual há de correr o esquema dinâmico que é o heroísmo. O exemplo constitui a própria causalidade moral. Porém, mais profundo ainda que os exemplos oferecidos pelos homens, é o exemplo fornecido pela natureza. A causa exemplar pode converter-se em causa substancial quando o ser humano se imagina de acordo com as forças do mundo. Quem tentar igualar sua vida à sua imaginação sentirá crescer em sí nobreza ao sonhar a substância que sobe, ao viver o elemento aéreo em sua ascensão.” Bachelard (Livro: O Ar e os Sonhos | capítulo: Os trabalhos de Robert Sesoille | Editora Martins Fontes | 1ª Ed. | P.112)
“O ser imaginante e o ser moral são muito mais solidários do que pensa a psicologia intelectualista, sempre pronta a considerar as imagens como alegorias. A imaginação, mais que a razão, é a força da unidade da alma humana. (Autor: Gaston Bachelard | Livro: O Ar e os Sonhos | capítulo: Nietzsche e o psiquismo ascensional | Editora Martins Fontes | 1ª Ed. | P.153)
“A imaginação, princípio primeiro de uma filosofia idealista, implica que se introduza o sujeito, todo o sujeito, em cada uma de suas imagens. Imaginar-se um mundo é tornar-se responsável, moralmente responsável, por esse mundo. Toda doutrina da causalidade imaginária é uma doutrina da responsabilidade.” Bachelard. (Livro: O ar e os sonhos, capítulo: A queda imaginária, página 93)
* Talvez Platão, na República… não sei… preciso pesquisar.
des, no último laboratório na 5ª feira, após interagir com o espaço, assisti novamente o vídeo que fiz no dia 14 de Agosto de 2012 na Casa Selvática. Algo realmente é potente nesse vídeo... Ainda não sei o que é… Intuo que belo por belo possui uma capacidade de atrair, ater as pessoas. [ ] ssss Yiuki
des, compartilho a sensação que ficou no último laboratório na varanda da Casa Selvática.
Na varanda não há destino, cada pessoa abre o seu portal, é um espaço à parte do mundo. Ela fica na divisa entre o externo e o interno. Pisando nela, o tempo é a penumbra e pode ser recriado. Tudo se implode em si mesmo. Nesse lugar desviado da realidade, o mundo é o que decidimos escolher. Enxergar o que não se pode tocar. Negar o que é real. Ousar, avançar e cair no precipício. Asas do Ícaro que se derretem. Nada e tudo se fundem num devir do IN-REAL.
Yiuki Doi
Bel, presenteio uma estampa de camisa que eu fiz quando estagiei numa fábrica de pijamas. A estampa foi inspirada no conto O Balão de Benny do Michael Code. Bom, como você tem trabalhado memórias na Casa Selvática resolvi compartilhar esse conto lindo contigo. Bjsss. Yiuki
Benny tinha setenta anos quando morreu subitamente de câncer, em Wilmette, Illionis. Como sua neta de dez anos, Rachel, nunca tivera oportunidade de dizer adeus, ela chorou durante vários dias. Mas depois de receber um grande balão vermelho em uma festa de aniversário, voltou para casa com uma idéia, uma carta para o vovô Benny, enviada para o céu em seu balão. A mãe de Rachel não teve coragem de dizer não e observou com lágrimas nos olhos o frágil balão subir por entre as árvores que cercavam o jardim e desaparecer. Dois meses depois, Rachel recebeu esta carta com carimbo do correio de uma cidade a 900 quilômetros de distância, na Pensilvânia: "Querida Rachel, Vovô Benny recebeu a sua carta. Ele realmente a adorou. Por favor, entenda que coisas materiais não podem ficar no céu, por isso tiveram que mandar o balão de volta para a Terra, eles só guardam os pensamentos, as lembranças, o amor e coisas desse tipo no céu. Rachel, sempre que você pensar no vovô Benny, ele saberá e estará muito perto, com um amor enorme por você. Sinceramente, Bob Anderson (também um vovô)"
(Autor: Michael Cody)
Extraído do livro "Histórias para Aquecer o Coração"
O que a rotina pode trazer de poético, seja melancórico ou alegre. Hoje na casa selvática interagi com o espaço (quartos e banheiro) escutando a música abaixo:
A noite recordei um episódio de algumas semanas atrás:
Yiuki Doi
LETRA DA MÚSICA:
Perspective (Yellow Magic Orchestra)
Every day I open the window
Every day I brush my teeth
Every day I read the paper
Every day I see your face
In the gleam of a brilliant twilight
I see people torn apart
From each other
Maybe that's their way of life
Every day I ride in cars
Every day I watch TV
Every day I write my diary
Every day I go to sleep
In the gleam of a brilliant twilight
I see people torn apart
From each other
Maybe that's their way of life
Every day I open the window
Every day I brush my teeth
Every day I read the paper
Every day I see your face
Every day I ride in cars
Every day I watch TV
Every day I write my diary
Every day I go to sleep
Hoje eu cheguei na casa sem alguma proposta, o Peter me chamou para fazer um exercício com um fio de lã que ele havia falado no ensaio passado.
Escolhemos o comodo mais quente, o único que pegava sol. A proposta era: Com um único novelo de lã construimos um espaço, nos revesamos e cada um fazia um caminho até o final do novelo que é azul. Depois do espaço construido passeamos por ele no intuito de acordar o olhar, depois fotografamos lugares e desenhos que nos interessaram, pensamos em colocar bilhetes com pequenas procações para que um futuro público possa percorrer esse espaço e se propor a ações que também pensamos e por fim eu filmei o Peter desfazendo essa trama. Pensamos depois em editar para usar a idéia do reverso inspirado nov vídeo do Alexandro Nero e da Ju no espetáculo feche os olhos para Olhar.
Ainda no nosso atual casulo estamos aqui esperando o vídeo carregar e vamos postar as fotos com participação especial da mosca modelo que pousou hoje na nossa criação.
A des fez uma folga de uma semana, de 14 à 22 de julho, para descando. Porém, com o intuito de não nos afastarmos do processo de criação do novo espetáculo, decidimos elaborar uma tarefa para ser realizada no período de distância:
- Escolher um cômodo dentro de casa e “visitá-lo” todos os dias durante uma semana, brincando com a permanência, criando situações, acordando o espaço, descobrindo interesses e estabelecendo relações de descondicionamento do olhar.
Eu fiz a tarefa em um rancho dos parentes do meu marido, Alexandre, em Ribeirão Preto. Escolhi o banheiro, principalmente pela falta de privacidade, e consegui realizar o exercício somente 4 dias. Gosto de pensar no espaço se revelando para mim com a permanência. Quanto mais eu fico no ambiente, mais ele se mostra. Escolho investir em uma ideia mais pontual: os azulejos de flores. Penso em questões como simulacro, natural x artificial e imaginário. Alguns resultados:
des, recebi esse vídeo da nossa amiga Patrícia Muller. Fiquei em dúvida se postaria ou não no nosso blog, mas como possui relação com a postagem “ode à beleza” da Juliana Adur, eu resolvi compartilhar. Nesse documentário há comentário sobre a relação funcionalista e estética na arquitetura do século XX também. Na verdade, sinto o Roger Scruton apolíneo demasiadamente, eu particularmente gosto de ser dionisíaco também. Bom, é uma hora de documentário, então é legal ver quando tiver tempo. Abraços.
p.s. Outro dia vi um anime chamado The Sky Crawlers, uma coisa incrível desse filme é a beleza das imagens – ela me hipinotiza enquanto vejo o anime.
des, as vezes fico somando imagens na minha cabeça, é uma forma de criar, organizar e brincar que utilizo. Compreendo a questão experimental, fenomenológica com o espaço que conversamos no último encontro. Mas, sei lá, acho que pode surgir algo nessa matemática:
Como eu estendia roupa quando morava numa kitnet em Sampa. Yiuki
Imagem que encontrei num site sobre iluminação que às vezes pesquiso.

Foto que a Bel me passou ano passado ;)